7 de fevereiro de 2015

Conversa entre 2 crianças!!!

Conversa entre 2 crianças…!!!


 
-  E aí, meu?

– Tudo fixe, boy?

– Ah, mais ou menos. Ando meio chateado com algumas coisas.

– Queres conversar sobre isso?


– É a minha mãe. Sei lá, ela anda a falar umas coisas estranhas, aterrorizando-me, sabes?

– Como assim?

– Por exemplo: há alguns dias, antes de dormir, ela veio com uma conversa maluca. Mandou-me dormir logo senão uma tal de Cuca viria apanhar-me. Mas eu nem sei quem é essa Cuca, pá. O que é que eu fiz pra essa menina querer apanhar-me? Tú conheces-me desde que eu nasci, já alguma vez me meti com alguém?

– Nunca.

– Pois é. Mas o pior veio depois. A conversa maluca continuou. Minha mãe disse que quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque o meu pai tinha ido pra fazenda e a minha mãe passear. Mas tipo, o que meu pai foi fazer na fazenda? E mais: como minha mãe foi passear se eu estava a vendo ali na minha frente? Será que eu sou adotado, meu?

– Sabes a tua vizinha ali da casa amarela?  A minha mãe diz que ela tem uma hortinha no fundo do quintal. Planta vários legumes. Será que a tua mãe não quis dizer que o teu pai deu um pulo por lá?

– Hmmmm. pode ser. Mas o que será que ele foi fazer lá? FOGO! Será que o meu pai tem um caso com a vizinha?

– Como assim, boy?

– Meu, ela deixou bem claro que a minha mãe tinha ido passear. Então ela não é a minha mãe. Se o meu pai foi na casa da vizinha, vai ver eles dois estão tendo um caso. Ele passou lá, apanhou-a e foram os dois passear. É isso, meu. Eu sou filho da vizinha. Só pode!

– Calma, maninho. Estás nervoso e não podes tirar conclusões precipitadas.

– Sei lá. Por um lado pode até ser melhor assim, sabes? Fiquei sabendo de umas coisas estranhas sobre a minha mãe.

– Tipo o quê?

– Ela me contou um dia desses que pegou um pau e atirou em um gato. Assim, do nada. pura maldade, meu! Vê lá se isso é coisa que se faça com o bichano!

– Caramba! Mas por que ela fez isso?

– Pra matar o gato. Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não morreu.

– Ainda bem. Boy, a sua mãe é perturbada.

– E sabes, a Francisca ali da esquina?

– A Dona Chica? Sei sim.

– Parece que ela estava com ela na altura e não fez nada. Só ficou lá, parada, admirada vendo o gato 
berrar de dores.

– Foge, estes adultos às vezes fazem com cada coisa que não dá pra entender.

– Pois é. Vais ver é até melhor ela não ser a minha mãe, né? Ela me contou isso na boa, cantando, sabes? Como se estivesse feliz por ter feito essa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que ela não gosta muito de mim. Um dia destes, ela ficou tentando me assustar, fazendo um monte de caretas. Eu não achei graça, né. Aí ela começou a falar que ia chamar um boi com cara preta pra me levar embora.

– Nossa, boy. Com certeza ela não é a tua mãe. Nunca uma mãe ia fazer isso com o próprio filho.

– Mas é ruim saber que o casamento deles está mal, né? Que o meu pai sai com a vizinha e tal. Apesar que eu acho que ele também leva uns chifres, sabes? Um dia contou-me que lá no bosque do final da rua mora um cara, que eu imagino que deva ser muito bonitão, porque ela chama ele de ‘Anjo’. E ela disse que o tal do Anjo roubou o coração dela. Ela até falou um dia que se fosse a dona da rua, mandava colocar ladrilho em tudo, só pra ele pode passar desfilando e tal.

– Nossa, que casamento horroroso esse. Era melhor separarem-se logo.

– É. Eu só sei que tô cansado destas conversas doidas dela, sabes? Às vezes ela fala algumas coisas sem sentido nenhum. Ontem mesmo veio falar que a vizinha “cria perereca em gaiola”, meu. Vê se pode? Só tem loucos nesta rua.

– Tchiii, boy. Mas a vizinha não é a tua mãe?


– FOGO, é mesmo! Estou ferrado de qualquer jeito.

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