25 de março de 2015

Fisco Deve-lhe 17 Mil Euros E Despeja-o Por Uma Dívida de 800 Euros

De um dia para o outro, José Valente, 56 anos, divorciado, ficou sem a casa onde morava, mas passou de devedor a credor do Fisco

Tudo porque deixou acumular uma dívida de IMI de cerca de 800 euros. Desempregado desde 2012, começou a atrasar nalgumas prestações do empréstimo ao banco e deixou também para trás dois anos de IMI ("quatro prestações" do imposto) que, somados, ascendiam a cerca de 800 euros.

Foram estas prestações de IMI em falta que levaram a administração fiscal a enviar-lhe, em novembro do ano passado, um último aviso de que a sua casa iria ser penhorada e colocada em venda. Sem meios para travar o processo - que entre imposto, custas, juros e coimas ascendia já a 2 mil euros -, José Valente viu a casa ser vendida em leilão a 20 de janeiro. O imóvel, um T1 com cerca de 10 anos, localizado em Alfena (Ermesinde), foi arrematado por 47 661,1 euros (cerca de mais nove mil euros do que o valor base de licitação). O encaixe deu para pagar a dívida que tinha ainda para com o banco e para regularizar as contas com o Fisco, sobrando, segundo lhe disseram na repartição de Finanças, cerca de 17 mil euros.

"Se devo e tenho de pagar, também devem dar-me o dinheiro que me sobrou e que me é devido", reclama José Valente, que foi notificado para deixar a casa vaga até dia 13 de abril. É que o último aviso que recebeu é claro: se não sair e entregar as chaves, as autoridades terão de forçar a entrada. Enquanto conta o seu caso, não consegue esconder a revolta por se ver nesta situação: "após uma vida de trabalho e de descontos" acaba por se ver sem sítio para morar, apesar de ainda ter tentado que o deixassem pagar a dívida em prestações, argumentando que mal se reformasse (depois de esgotado o subsídio social de desemprego que agora recebe) "teria um rendimento certo e o pagamento da dívida seria garantido".

A revolta ganha tom perante o facto de não ter nenhum local para onde ir (já falou do seu caso na Autarquia mas não tem ainda resposta) e por não conseguir aceder aos 17 mil euros de crédito que tardam em chegar, apesar de ser agora que lhe fazem mais falta. 

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